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Duração – 60 minutos. Classificação etária: 14 anos.
Ingressos a R$ 10,00 e R$ 5,00
Folha Online
O espetáculo "Réquiem", escrito pelo dramaturgo israelense Hanoch Lenin com base em três contos do escritor russo Anton Tchekhov, reestreia nesta sexta-feira (3) no teatro João Caetano (região sul da capital paulista). Os ingressos custam R$ 10, mas, neste primeiro fim de semana (dias 3, 4 e 5), as apresentações serão gratuitas.
"Réquiem", que utiliza lirismo para mostrar a falta de sentido da vida, reestreia nesta sexta-feira no teatro João Caetano, em São Paulo |
A peça fica em cartaz até 31 de maio, com sessões às sextas-feiras (21h), sábados (21h) e domingos (19h).
Com o uso de uma linguagem lírica, a montagem retrata a morte de pessoas queridas e o impacto causado por essas perdas, além de mostrar como a falta de atenção com as coisas que realmente importam pode gerar dor e arrependimento quando se está próximo do fim da vida.
As relações superficiais entre homens e mulheres e o universo de humor e magia que pode ser encontrado após a vida são outros assuntos abordados durante a peça.
O homem obscuro de Levin percorre caminhos desolados numa jornada com gente e episódios que o fazem pensar no sentido da vida. Sua tomada de consciência se dá, finalmente, diante de uma criança morta. Sim, é um réquiem, mas nele cabem fantasia, alguma graça, drama, risos ocasionais. Com tais elementos, jovens atores fazem um belo espetáculo sob a direção de Francisco Medeiros. Com o apoio do Centro da Cultura Judaica de São Paulo, é a primeira vez que se encena Levin no Brasil.
Esse dramaturgo de vida relativamente curta amplia o circulo dos escritores judeus que sabem tratar de forma profunda a questão do homem desenraizado, no espaço, tempo, e de si mesmo perante outras culturas. Os judeus da Europa Central viveram esse dilema expresso nos romances do grande Joseph Roth, cuja vida marcada por impasses está analisada com brilho por Luis S. Krausz em Rituais Crepusculares - Joseph Roth e a Nostalgia Austro-Judaica (Ed. Edusp).
Judaísmo, contudo, é aqui uma questão implícita. Levin não se apega a uma nacionalidade especifica - nem mesmo aos russos chekhovianos -, mas ao homem universal diante do cosmo e do cotidiano. Não há nomes, locais e datas reconhecíveis, mas a sempre relembrada e incontornável "condição humana". Com brandas palavras, permite o fluir da existência de gente descaminhada, prostituída, os esfarrapados de corpo e alma. Ao mesmo tempo, deixa passar um fio de esperança para todos eles. Sua dramaturgia se define na fala de Os Barões da Borracha, outra de suas peças: "Oh, este instante no teatro, quando as luzes da plateia já se apagaram e as luzes do palco ainda não se acenderam! E a plateia, sentada no escuro, esperando no silêncio, todas as expectativas, os sonhos todos de milhares de pessoas com um único foco, um único ponto na escuridão diante deles. Tenho a sensação de que tenho vivido este momento minha vida inteira, esperando no escuro."
Obra construída de semitons, o texto caiu nas mãos certas de jovens intérpretes que tateiam o palco com uma feliz descoberta. Estão ali em cena, disponíveis e intensos. Não há lances retóricos, grandiloquências, como se percebe em Chekhov e, agora, em Hanoch Levin. Reger essa partitura de subentendidos é tarefa para diretor experiente, e Francisco Medeiros faz a ponte entre gerações com seu elenco. A encenação tem o mérito de dominar o que é sépia, silêncio, apenas sonata, o que transparece na interpretação de Francisco (Chico) Carvalho, o fazedor de caixões, um talento tranquilo e firme. Em sintonia com ele estão André Blumenschein Dinah Feldman, Fabrício Licursi, Felipe Schermann, Priscila Herrerias e Fernanda Viacava.
Réquiem estabelece, assim, o clima de fantasia e quase otimismo que Levin manifesta ainda em Os Barões da Borracha: "Logo a cortina vai abrir, o palco será inundado com uma luz surpreendente e uma vida cheia de cores vai começar a fluir na minha frente. É, logo uma vida multicolorida vai surgir, amanhecer, uma vida magnífica nunca antes vista por ninguém."
É o instante em que a magia teatral transforma lamento fúnebre na paz do adágio.
Serviço
Réquiem. De Hanoch Levin. Centro Cultural São Paulo. R. Vergueiro, 1.000, 3383-3402. 3.ª a 5.ª, 21 h. R$ 10. Até 5/3
São Paulo, quarta-feira, 28 de janeiro de 2009 |
Próximo Texto | Índice Peça mostra obra de dramaturgo israelense à plateia paulistana Hanoch Levin, que nunca teve textos montados no país, é autor de "Réquiem"
LUCAS NEVES DA REPORTAGEM LOCAL Fabricante de caixões num vilarejo em que "quase ninguém morre", o Velho bronqueia logo de partida: com "tudo se agarrando à vida feito praga", não há guerra ou epidemia que viabilize sua atividade. No decorrer de "Réquiem", peça do israelense Hanoch Levin (1943-1999), nunca montado no Brasil, a morte o convidará repetidamente a rever as aspirações pequeno-burguesas. A primeira a partir será sua mulher, vencida pelo tifo e pela indiferença do companheiro. Em seguida, o Velho fixará o olhar no recém-nascido que não resiste a queimaduras. E antes de se haver com seu próprio fim, ainda ouvirá o cocheiro balbuciar a perda do filho. A dramaturgia é inspirada em três contos de Tchecov: "O Violino de Rotschild", "No Fundo do Barranco" e "Angústia". "De uma maneira ou de outra, a vida se encarrega de surpreender o ser humano com aventuras que o induzem a ampliar sua visão. Esse é o percurso que o personagem faz. Ele não percebe, mas é evidente que a intolerância e o preconceito, se não morrem, ao menos se enfraquecem dentro dele, para dar lugar à desconfiança de que o carinho é possível, o outro é um fato concreto", diz o diretor, Francisco Medeiros. Ele frisa que não se trata de "uma peça de autoajuda, em que o personagem só vai em direção à luz". "Há retrocessos, paradoxos, como em todo ser humano. Esse caminho de revelação, amadurecimento, no fim das contas, leva à morte." Paralelo com a guerra Nesse percurso, afirma o diretor, a jovem de 17 anos que leva nos braços o filho morto, "torrado com água fervente em uma disputa de herança", servirá como uma figura desestabilizadora das convicções do Velho. "Difícil não pensar na guerra árabe-israelense ou na violência urbana", diz Medeiros. Na mãe precoce que diz ter passado a vida a varrer, lavar e esperar (em vão) numa fila por um punhado de açúcar, o diretor também vê um espelho do conformismo contemporâneo. "Quantas vezes o nosso ideal de felicidade é caber na realidade, e não fazer com que ela se flexibilize para conquistarmos um espaço?" RÉQUIEM Quando: ter., qua. e qui., às 21h; até 5/3 Onde: Centro Cultural São Paulo - sala Jardel Filho (r. Vergueiro, 1.000, tel. 3397-4002) Quanto: R$ 10 Classificação: não indicada a menores de 14 anos |
São Paulo, quarta-feira, 28 de janeiro de 2009 |
Texto Anterior | Índice DRAMATURGO ESCREVEU MAIS DE 60 PEÇAS Poeta, romancista, compositor e dramaturgo, Hanoch Levin iniciou sua carreira teatral com textos que satirizavam a política israelense. Logo colecionou desafetos. Na década de 70, várias de suas peças sofreram cortes ou tiveram as temporadas interrompidas por causa de seu conteúdo "desconfortável". "Réquiem" é seu penúltimo trabalho; Levin já estava hospitalizado quando dirigiu a primeira montagem, em Tel Aviv. Texto Anterior: Peça mostra obra de dramaturgo israelense à plateia paulistana Índice |
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RÉQUIEM – Estréia dia 27 de janeiro de 2009, terça-feira, às 21h, na Sala Jardel Filho do Centro Cultural São Paulo (324 lugares). Texto: Hanoch Levin. Tradução: Priscilla Herrerias. Direção: Francisco Medeiros. Elenco: André Blumenschein, Chico Carvalho, Dinah Feldman, Fabricio Licursi, Felipe Schermann, Fernanda Viacava e Priscilla Herrerias. Encenada pela primeira vez no Brasil, a peça do premiado autor israelense mostra um velho que percorre uma estrada, onde encontra com personagens, imagens e sensações que o fazem despertar para perguntas sobre o sentido da existência. Comédia, poesia, magia e drama numa combinação inusitada, marca registrada de um dos mais importantes artistas da atualidade. Temporada – Terças, quartas e quintas-feiras às 21h, até 05 de março. Duração – 60 minutos. Classificação etária: 14 anos. Ingressos a R$ 10,00 e R$ 5,00 (para estudantes, idosos e portadores de deficiência que apresentarem o bilhete único - passageiros especiais emitido pela SPTrans e o documento de identidade com foto). Sessão Popular no dia 03/02/2009. http://www.centrocultural.sp.gov.br/
Centro Cultural São Paulo. Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso (próximo à estação Vergueiro do Metrô). Informações: (11) 3397-4002/ 3383-3402. A bilheteria abre uma hora antes.
Contato da Produção
Priscilla Herrerias
Tel (11) 8684-4729
espetaculorequiem@gmail.com
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tel (11) 3663-1237 / 9144-6957
dinahfeldman@gmail.com
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